Nesse
dia 15 de junho é o Dia Mundial de Conscientização da Violência Contra a Pessoa
Idosa, sendo assim, faz-se necessário uma reflexão sobre o tema, tendo
em vista o grande número de idosos no mundo. Em 2008, o número de pessoas com
65 anos ou mais atingiu 506 milhões de pessoas no mundo, segundo o Departamento
do Censo dos EUA. A cifra deve mais do que dobrar até 2040, chegando a 1,3
bilhão de pessoas, ou 14% da população global estimada. (Segundo dados disponíveis
em: http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL1236329-5602,00.html
A violência que se desenvolve no espaço familiar é
bastante complexa e delicada, sendo extremamente difícil penetrar no silêncio
das famílias dos idosos violentados. A insegurança, o medo de represálias
oriundo de conflitos, da proximidade, do afeto, do amor, do instinto de
proteção em defesa do agressor. Estes são alguns exemplos de justificativas
para a omissão dos idosos, quando violentados por seus familiares.
Assim, parece existir uma concepção geral de que os
idosos residentes nos seus lares obtêm de sua família condições favoráveis para
a preservação do seu equilíbrio afetivo, psicológico e físico.
O idoso como vítima de violência sente-se constantemente
ameaçado, sendo incapaz de se defender para garantir sua segurança. Com isso,
muitos desses indivíduos desconhecem os serviços de assistência e proteção
contra violência e não têm quem os ajude na busca de socorro, fato que
dificulta denuncia dos agressores.
Paralelo a isso, a violência ao idoso cresce acelerado pelo
crescimento da população de idosos, mesmo sendo considerado fator positivo para
a história do desenvolvimento da humanidade, o mesmo não ocorre em relação a
criação de medidas que visem a garantir a qualidade de vida desses indivíduos.
Nos últimos anos no Brasil e no mundo o aumento expressivo
do número de idosos tem sido impulsionado pelas grandes inovações
científico-tecnológicas, associadas a melhores condições de vida.
Através dos anos, a sociedade brasileira criou uma
cultura que tende a separar os indivíduos mais velhos, discriminá-los, desejar
sua morte, considerando-os ainda como descartáveis e como pesos sociais.
Diante disso, constatamos que as violências contra os
idosos são muito mais abrangentes no país do se imaginava, apresentando-se em
abusos físicos, psicológicos, sexuais, financeiros e em negligências.
Por isso, a família que cuida de um idoso está deve está
pronta a sofrer pressões financeiras, cansaço físico e responsabilidade com os profissionais
pagos para ser cuidadores, já que estes dedicam um longo período na prestação
dos cuidados ao idoso. Assim, esses fatores em conjunto, ou mesmo isoladamente,
são capazes de desencadear situações de maus-tratos e de negligência contra o
idoso no âmbito familiar.
Outro ponto que cabe salientar é a violência por motivos
patrimoniais, ou seja, por bens, que seria a apropriação indevida dos bens de
outrem através do uso da violência. No caso dos idosos, eles permitem que os
agressores se apropriem de seus bens, pelo medo da solidão, do abandono em
asilos e clínicas especializadas.
Muitos idosos convivem apenas com netos, figura também
elencada como agressor em vários casos, inclusive na autoria de homicídios, o
que reafirma que a violência familiar pode ser reproduzida em todos os modelos
familiares. De acordo com o IBGE, é crescente o número de netos e bisnetos que
vivem sob a custódia dos avós sendo na maioria das vezes cuidados e sustentados
por eles. Tal dependência pode contribuir para aumentar conflitos e motivar
comportamentos violentos, pois o idoso é o responsável financeiro, no entanto
está sob a custódia e responsabilidade da família.
Alguns idosos são, ainda, destituídos do poder de
decisão, privados de ocupar um espaço físico próprio, do direito de escolha, da
liberdade de expressão, do direito à saúde e do direito de envelhecer saudável
e com dignidade de cidadão.
Portanto, os idosos maltratados, sendo mais vulneráveis
que as demais faixas etárias, encontram-se muitas vezes inseguros e
fragilizados, e por essa razão não procuram de imediato os serviços
especializados. Sem o apoio de familiares e sem amizades, torna-se difícil e
constrangedor procurar sozinho os serviços fornecidos pelo governo.
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