Desde os anos 90, a formação dos
assistentes sociais brasileiros tem como metas no seu projeto pedagógico
valores e diretrizes com intuito de investigar e intervir, sendo estes
elementos fundamentais na formação e da relação teoria e realidade. Desse modo,
o profissional seguindo estes indicadores tem como prioridade a competência
técnica, a crítica teórica e os compromissos ético-políticos.
É necessário para
isso um sólido referencial teórico- metodológico, sendo possível ao profissional
formado a capacidade de desvendar as dimensões constitutivas da chamada questão
social, em seu enfrentamento. A pesquisa se faz importante como patrimônio
intelectual e bibliográfico da profissão principalmente no âmbito da pós-
graduação stricto senso influenciados pela tradição marxista.
A lei
n°8662/1993, afirmou a importância da pesquisa ao torná-la um elemento
constitutivo do trabalho profissional competente e qualificado, pois a
profissão se encontra no contexto de reprodução da sociedade capitalista, com
seu modo de ser e de se reproduzir, sendo essa relação explicada por estas
relações.
A relação dialética entre investigar e intervir, nos proporciona
conhecer a realidade, aplicando os procedimentos adequados, tendo em vista um
conhecimento sempre provisório, parcial, histórico relativo há um tempo e
espaço sociocultural e historicamente determinado. O conhecimento se inicia
pelos órgãos dos sentidos (intuição), já o empirismo estabelece a máxima de que
só se aprende a fazer fazendo e por último o conhecimento pode vir pelo senso
comum, mas tem que ir além dele.
O conhecimento proveniente do intelecto
(formal-abstrato) tem uma atitude de aceitação passiva do que está posto
(entendimento), já o oriundo da razão dialética capta o movimento do objeto
partindo dessa relação. Contudo, a pesquisa parte sempre de um conhecimento
superficial da realidade, de uma abstração, nos permitindo através de cada
modalidade uma forma diferente de apropriação do mundo.
A pesquisa cientifica
exige rigor, métodos e técnicas apropriadas e não pode ser identificada como
mera sistematização de dados, tendo em vista que esta é um passo preliminar, um
momento inicial. Numa investigação o aparente exprime que há algo a mais a ser
conhecido, uma totalidade em processo de totalização, onde as partes são
consideradas totalidades parciais.
A decomposição e recomposição da totalidade
é realizada no e pelo pensamento do sujeito, num processo de analise das mais
simples e mais complexas, a realidade é composta assim de três dimensões,
universal (ciência), particular e singular.Nesse caminho, a contradição é
principio básico do movimento de constituição da própria realidade, que se
coloca tanto como possibilidades como restrições de possibilidades.
A realidade
carrega elementos novos e velhos. O passado convive com o presente e aponta
tendência para o futuro. Portanto, a pesquisa para o Serviço Social fornece
elementos e subsídios essenciais à sua instrumentalidade, a sua prática
interventiva e investigativa. Ao realizar entrevistas, estudo social, laudos e
pareceres, colhemos informações diretas e indiretas.
No Brasil, desde os anos
1980, temos uma produção cientifica e bibliográfica própria expandida para
outros países da America latina sendo reconhecida sua importância, devido à
contribuição do referencial marxista. A pesquisa desenvolve a capacidade de
investigar as relações e demandas sociais, favorecendo o conhecimento crítico
rumo à liberdade, autonomia, competência e compromisso, fatores que são
possíveis graças à pesquisa científica.
GUERRA,
Y. A dimensão investigativa no exercício profissional. Serviço Social, Direitos
e competências profissionais. Programa de Capacitação continuada para
assistentes sociais. ABEPSS/CFESSS: 2009.
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