RAICHELIS,
Raquel. Intervenção profissional do
assistente social e as condições de trabalho no Suas. Serv.
Soc. Soc. 2010, n.104, pp. 750-772.
As várias transformações
que atingem o mundo do trabalho, decorrentes do intenso processo de
globalização repercutem também no trabalho do assistente social no âmbito das
políticas sociais.
O Suas vem trazer com sua
rápida expansão, a ampliação do mercado de trabalho para esta categoria, porém,
diante das circunstâncias atuais de metamorfoses acerca do trabalho, há o
aprofundamento da precarização das condições que este trabalho se realiza.
Por mais que a política de
assistência social venha abrangir uma equipe multiprofissional, o assistente
social ainda é tido como profissional de referência em seu interior uma vez que
esta se constitui historicamente como uma das principais mediações do
assistente social
Este artigo tem, pois como objetivos principais abordar os processos e condições de trabalho do assistente social no Suas .
A análise de como o Serviço Social se insere na sociedade capitalista e o seu reconhecimento como trabalho inscrito na divisão sócio- técnica são pontos primordiais para estudar os espaços sócios- ocupacionais do assistente social. Outro fator de destaque é o modo pelo qual o assistente social se faz consciente do significado de sua profissão, suas representações, intencionalidades, enfim, o que ele faz para legitimar a sua atividade.
Este artigo tem, pois como objetivos principais abordar os processos e condições de trabalho do assistente social no Suas .
A análise de como o Serviço Social se insere na sociedade capitalista e o seu reconhecimento como trabalho inscrito na divisão sócio- técnica são pontos primordiais para estudar os espaços sócios- ocupacionais do assistente social. Outro fator de destaque é o modo pelo qual o assistente social se faz consciente do significado de sua profissão, suas representações, intencionalidades, enfim, o que ele faz para legitimar a sua atividade.
Deve-se entender que os
próprios espaços sócios- ocupacionais são expressões das dimensões
contraditórias do fazer profissional na medida em que há o confronto de
concepções, valores, propostas no espaço onde se implementam as políticas
sociais.
Com o Suas houve uma
ampliação considerável das possibilidades de trabalho para o assistente social,
em especial com a criação dos Centros de Referência de Assistência Social
(CRAS) e dos Centros de Referências Especializados do Assistente Social (CREAS)
que trazem ao profissional a possibilidade de efetivar a sua competência
crítica através de suas demandas que exigem formulações teóricas técnicas,
éticas e políticas. Existe, pois o desafio de responder às exigências do
capital como também do trabalho por se tratar de uma prática cercada de
interesses das classes sociais.
O projeto ético-político do assistente social, formulado coletivamente pelo serviço social assim como os diversos projetos profissionais, foi construído num processo de tensões em que há o desafio do enquadramento da instituição com toda a sua base muita vezes voltada à alienação burocrática e administrativa, e também o repensar do profissional enquanto o sujeito coletivo que luta e resiste em seu campo profissional em busca de novas possibilidades para a legitimação da profissão.
O projeto ético-político do assistente social, formulado coletivamente pelo serviço social assim como os diversos projetos profissionais, foi construído num processo de tensões em que há o desafio do enquadramento da instituição com toda a sua base muita vezes voltada à alienação burocrática e administrativa, e também o repensar do profissional enquanto o sujeito coletivo que luta e resiste em seu campo profissional em busca de novas possibilidades para a legitimação da profissão.
Quanto a implantação das
políticas sociais que representam a conquista por meio de mobilizações sociais,
logo, um direito social, se configura como um jogo de conflitos e tensões onde
há presença e intervenção de diversões de diversas categorias profissionais que
disputam espaços de reconhecimentos no campo institucional.
Observa-se, sobretudo a
partir dos anos 1990, o processo de destituição dos direitos resultando no
sucateamento dos serviços públicos. O agudizamento da questão social é
acelerado, atingindo o campo profissional de modo a percorrer tanto os usuários
quanto o mercado de trabalho do assistente social os levando aos dilemas da
alienação e isso não a atinge só o Serviço Social mas a diversas outra
profissões.
Segundo pesquisas realizadas sobre
esse profissional da assistência social os mesmos continuam sendo apontados
como trabalhadores assalariados, a sua grande maioria trabalha em organismos
governamentais, com participação em todas as áreas, em especial na saúde. Em
estudos mais recentes se aponta a tendência evidenciada nos dados anteriores.
Em
um sistema como esse onde a classe trabalhadora assalariada é vitima constante
de precarizações do trabalho, o assistente social não ficou imune, já que está
inserido nessa classe. A precarização do trabalho se tornou uma constante na
atualidade, os trabalhadores se tornaram reféns de sua força de trabalho, seja
ela objetiva ou subjetiva. O desemprego em mansa que atinge a toda classe
também é um grande problema a ser enfrentado.
Diante
de toda essa mudança nas dinâmicas estruturais do mundo do trabalho o
assistente social também é acometido por esses processos. Com a insegurança do
emprego, falta de uma estrutura física que comporte suas demandas, baixos
salários, necessidade de respostas imediatas exigidas pelo empregador gerando
assim uma pressão a esse profissional, com toda essas mudanças negativas o
profissional fica incapaz de se qualificar continuamente, com falta de
perspectivas de ascensão profissional.
Com
todos esses percalços, os profissionais ficam refém de uma atuação frágil e
ineficaz, o que se agrava ainda mais quando o mesmo desenvolve seus trabalhos
em empresas privadas. A luta por direitos sociais se tornou ainda mais
complexa, a falta de vínculos empregatícios contribuem para que se aja uma
quebra nos serviços prestados. A luta explicitada na NOB-RH/SUAS deixa bem
clara o comprometimento para que aja a efetivação dos profissionais dessa
área.
Por
tanto chegamos à conclusão de que a categoria sofre todo o processo vivenciado
pela classe trabalhadora, principalmente por ser refém das condições objetivas
para sua atuação.
Desde 1988 com a
Constituição Federal que a assistência social vem enfrentando grades desafios
por está inserida no tripé da seguridade social junto com a saúde a
previdência, no que tange ao trabalho e aos trabalhadores no Suas.
Estes
desafios envolvem desde estruturas improvisadas, descontinuas inadequadas que
demonstram a cultura autoritária, patrimonialista e clientelista sem esquecer o
primeiro-damismo, expressando a precariedade dos serviços e a dos recursos
humanos. A
composição do quadro profissional do Suas é composto de servidores e
trabalhadores das três esferas e pela rede privada, atuando em condições
oferecidas que dificultam a efetivação de sua intervenção.
Uma
solução pra sanar essas dificuldades parte do pressuposto da qualificação e
ampliação do quadro de trabalhadores via concurso público e consequente
valorização de sua força de trabalho através de planos de cargos e carreiras e
salários.
Há
uma grande dificuldade na efetivação da política de assistência social, no
decorre do incentivo, conhecimento e apoio dos gestores sobre o funcionamento
do Suas e sua implantação.
Segundo a NOB-RH/Suas, a
sua organização parte de equipes de referência, formada por profissionais
efetivos que deverão atuam em todo o processo de oferta dos serviços,
programas, projetos e benefícios de proteção social básica e especial atendendo
os requisitos garantidores que asseguram o acesso aos usuários.
Pesquisas realizadas em
2005 revelaram que 25% dos profissionais da assistência não possuem vinculo
permanente, sendo ainda acrescentado cerca de 20% de comissionados e estes
números ainda são mais alarmantes em 2007 quando foi constatado que quase 50% dos
trabalhadores dos Cras não possuem vínculos permanentes.
A assistência social
segundo dados colhidos em 2010 pelo IBGE é responsável por apenas 3,2% de todo
o pessoal ocupado nas administrações municipais. Ainda neste ano foi constatado
que a maioria dos trabalhadores sem vinculo na área cresceu cerca de 73,1%.
Esta realidade mostra que
a política neoliberal implantada no governo FHC vem crescendo e se afirmando
como ideologia que supervaloriza o privado em detrimento do que é público, do
servidor, das políticas estatais que não possuem número suficiente de
servidores qualificados. Na área da assistência essa demanda se destaca por ser
um trabalho coletivo, que envolve diferentes funções, atribuições e
competências, cada um atuando de acordo com seus saberes e parâmetros
ético-políticos.
Para a autora é fundamental no âmbito do Suas
superar a cultura histórica do pragmatismo e das ações improvisadas, e para
essa superação ela aponta a necessidade de uma leitura critica da realidade,
sem reforçar a naturalização e a criminalização da pobreza e de outras
expressões da questão social. Sendo importante além de se fazer a critica,
resistir a o mero produtivíssimo, que é medido por o número de reuniões, de
visitas domiciliares e etc.
A autora aponta os limites
e desafios para implementação do Suas tais como, quandoo município cumpre
apenas requisitos mínimos para manter o financiamento semoferecer qualidade nos
serviços e o trabalho precário dos profissionais.
Para enfrentar essa problemática, o suas
define mecanismo de profissionalização da assistência social, orientado
procedimentos para composição de equipes básicas de referência para Creas e
Cras definindo algumas diretrizes para qualificação dos recursos humanos,para
que os trabalhadores da assistência social estejam menus sujeitos a manipulação
e mais preparados para enfrentar os jogos políticos a qual estão sujeitos.
Outra questão discutida é
com relação à informatização do trabalho que esta acontecendo tanto no setor
privado quanto no público, que apesar de ser essencial para organização e
gestão do Suas e das politicas sociais, Essa se torna uma questão a ser
analisada, pois, ao contrario do que alguns profissionais pensam isso pode se
trata de processo de intensificação de trabalho.
Por fim a autora coloca
que apesar desses limites e desafios a ser enfrentado, a implementação do Suas
abre um campo de novas possibilidades para o trabalho profissional do
assistentes sociais.
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