Os vícios e as paixões, limites para liberdade
Deparando-se
com a realidade que está inserido, o homem encontra desafios significantes no
exercício de sua liberdade, ele é submergido em obstáculos provenientes de seu
interior e por aqueles provenientes da realidade social em que vive.
Conhecendo
a verdade, guiado pela vontade, e livre para escolher, ele é constantemente
seduzido a abandonar seus primeiros desejos, aqueles que nascem na alma,
provenientes de Deus. É da alma que os verdadeiros e salutares desejos emanam,
e, é por isso que é ela a primeira a ser corrompida, o que culminará na
escravidão de sua vontade, que não mais obedecerá a força da verdade e sim aos
desejos e apetites desregrados.
Dominado por esses
desejos, que no início surgiram como hábitos, pequenos desejos, que logo em
seguida tornaram-se necessidades, isto é, necessidades incontroláveis, vícios,
procurando a todo custo saciá-los.
O amor, sentimento belo e
precioso que brota do coração apaixonado, envolvendo e transformando o homem,
também é corrompido pelos vícios. Dominado, o coração não é mais impulsionado
pela alegria de um sentimento, mas sim pelo desejo de debruçar-se sobre seus
apetites mais íntimos.
O prazer pessoal ganha o
lugar central em sua vida, não dando espaço para a alegria comum e verdadeira.
O jogo a bebida são exemplos de vícios que o dominam não deixando espaço para
uma realização completa que transforma e liberta.
A alma passa a não mais
desejar e buscar os bens eternos, mas sim aqueles que são temporários e
passageiros, que logo passam como a fumaça, deixando em seu ser o vazio, o
fazendo continuar buscando a satisfação cada vez mais em objetos e
circunstâncias desmedidas.
Diante das paixões
humanas, a mente exerce um importante papel, é ela capaz de dominá-las, de
desvendar a verdade de seus resultados, exercendo com justiça o papel de
esclarecer e iluminar o homem, tirando-o das trevas, mostrando-lhe a luz, uma
luz capaz de revelar e indicar o reto caminho. “[...] A mente dotada de virtude
não poderia de modo algum ser um ser injusto. Tampouco, ainda que esse tivesse
esse poder, ele não forçaria a mente a submeter-se às paixões”. (AGOSTINHO,
1995, p. 51). A mente por ser justa não se torna cúmplice das paixões, provando
assim que não há nenhuma outra realidade que torne o homem escravo a não ser a
sua própria vontade livre, sua escolha livre.
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