quarta-feira, 28 de agosto de 2013

CLASSES MOVIMENTOS E ONGS: UM OLHAR SOBRE A SOCIEDADE BRASILEIRA




 

CLASSES MOVIMENTOS E ONGS: UM OLHAR SOBRE A SOCIEDADE BRASILEIRA

Maria de Fatima de Souza[1]
Rogério Rodrigues de Souza[2]

RESUMO: O presente estudo se destina ao componente Movimentos Sociais, como requisito para obtenção da nota da segunda unidade. Aqui estudamos o papel dos Movimentos Sociais, Redes e ONGs, sua diferenciação e importância para compreensão da sociedade que busca formas de enfrentamento da questão social e os elementos que compõe a analise e o conhecimento do referencial estudado. Com isso este estudo torna-se elemento singular para o conhecimento de questões relevantes para o serviço social, que entra no enfrentamento social tendo um conhecimento base do campo estudado.    


Palavras chave: Classes, Movimentos e ONGs.    


INTRODUÇÃO

A sociedade brasileira ao longo dos anos vem passando por um processo de transformação importante, a conjuntura social dá um suporte para que isso ocorra isso se dá principalmente pela dinamicidade que caracteriza o individuo que vive em comunidade. Esta vivencia gera mudanças, adequações, um processo de metamorfose constante, capaz de direcionar os rumos de povo.
Sendo assim, a democracia no Brasil se constituiu através de lutas sangrentas, posturas muitas vezes combatidas pelo poder imposto. A liberdade e a afirmação de um povo foram tantas vezes extirpadas, direitos foram esquecidos, obrigações renovadas de forma arbitraria.
O regime militar ao longo do seu poderio trouxe para o povo um falso ideário de segurança, alimentou a sede de poder e ganância de uma parcela da população que a todo instante impõe suas decisões.
Em um caminho aposto a partir do final dos anos 70 ganham forças no Brasil práticas coletivas, que tinham como objetivo lutar contra o regime político vigente, contra seus desmandos, reivindicando bens e direitos sociopolíticos. Isso acarretava consequências conforme relata GOHN (2008): Participar das práticas de organização da sociedade civil significava um ato de desobediência civil e de resistência ao regime político predominante.    

Estas dificuldades enfrentadas não impediram que parcelas importantes da sociedade se organizassem em prol de mudanças na sociedade, movimentos advindos do campo popular, dos trabalhadores, mulheres, ambientalistas e tantos outros recortes sociais.

            Esses sujeitos sociais assumiam assim a responsabilidade perante a sociedade, lutando por direitos trabalhistas, políticos e democráticos. Com isso, o retorno da democracia, dos processos eleitorais com participação popular era indispensável ao avanço da sociedade, das políticas públicas e da conquista da liberdade de expressão de um povo que vivia submisso a um modelo antidemocrático.
            Com o declino do poder militar no final dos anos 80 e ascensão da democracia o país passou a viver novos ares, conquistas e mudanças se deram ao longo dos anos permitindo a liberdade fosse eixo basilar, norteando direitos e deveres homogeneizando a sociedade.
            A liberdade deu lugar a todas as formas de expressão, sejam de cunho social ou econômico, o povo além lutar e exigir o cumprimento de seus direitos viu a economia se expandir, adotar um modelo neoliberal que prioriza o privado em detrimento do estatal, que favorece o declínio do que é público, criando barreiras àqueles que não se encaixam num perfil adotado como referencia, como modelo a ser seguido.
            A questão social toma assim novos rumos, agora não se trata apenas de questões referentes à extirpação de direitos políticos mais sim de exclusão social, manipulação do patrimônio publico, crescimento do desemprego alimento por uma política econômica neoliberal que mina os pilares da sociedade civil e trabalhista.
            A gestão da coisa publica se torna elemento fundamental que direciona as reivindicações, o aparelho estatal é questionado, é posto na parede, agora cabe a ele servi a sociedade e não ao poder instituído tendo em vista que é a sociedade civil a protagonista da história de um povo.
            Os Movimentos sociais ao longo da história de nosso país em especial nos anos 90, quando perdeu um pouco de visibilidade na política urbana, devido ao fato da perda de seu poder de pressão direta, os movimentos nas ruas cessaram, um silencio se deu de forma clara.
            Paralelo a isso os movimentos sociais advindos do campo ganhavam espaço, os sem-terra, em especial o MST, se destaca nesse cenário de lutas articuladas, em o discurso tem o papel central, responsável por construir caminhos e destacar figuras sociais representando o povo e as condições de vida destes.
            As ONGs surgem como frutos das mudanças na conjuntura política que se alicerçava, com origens nas antigas caritativas e filantrópicas, mais tarde assume uma outra característica como acrescenta  GOHN (2008):

Nos anos 70-80, as ONGs eram instituições de apoio aos movimentos sociais e populares, estavam por detrás deles na luta contra o regime militar e pela democratização do país. [...] As ONGs eram suportes para a ação dos movimentos. Eram ONGs cidadãs, movimentalistas, militantes. A face movimentalista encobria, nas próprias ONGs, sua outra face, produtiva, geradora de inovações no campo de alternativas às necessidades e demandas sociais.

    Com as mudanças gestadas na sociedade dos anos 90, surgem entidades autodenomidanas como terceiro setor (articuladas à empresas e fundações) ao lado das ONGs, possuem um perfil bem definido, assumindo em muitos casos o papel do Estado perante a sociedade civil, o representando, sendo elo de ligação entre o povo e as políticas públicas.
            É nas transformações que a sociedade contemporânea sem sofrendo que ocorrem os desajustes sociais, e as ações coletivas surgem e reivindicam a participação coletiva para as ações de interesse público.
            Neste contexto, as redes surgem de formas variadas e com participantes diversos, se organizam e possibilitam ações de interesses e valores em defesa de um cidadão plural para a conquista de uma cidadania ampla. As redes se constituem e dão visibilidade social as suas ações mediante a participação em diversos espaços como: Fóruns e redes da sociedade civil, participação nos Conselhos Setoriais, no Orçamento Participativo, participação nas conferencias nacionais e governamentais em parcerias com a sociedade civil organizada, etc.
        As redes são ações coletivas que envolvem estruturas articuladas com a intencionalidade de envolver interações de ideias e influencias de comportamentos, elas podem ser distinguidas a partir dos níveis de relações que se estruturam, que podem ser distribuídas em: redes sociais que são interações que se estruturam em torno de afinidades nos objetivos de suas ações, lutam em comum em torno de uma causa; coletivos em rede que são ações são localizáveis e organizadas em torno de uma temática, ou seja, é uma rede formada a partir de outras redes; e as redes de movimentos sociais que se caracteriza por serem organizações com diversas formas de pensar e agir coletivamente representadas por movimentos sociais que firmam as ações através de lutas pelos interesses coletivos da sociedade civil.
Portanto, em detrimento das politicas neoliberais resultantes do modo de produção capitalista que visa o lucro para manutenção de sua lógica de reprodução, esta devasta e cria condições desumanas de sobrevivência para a população global. Nesta lógica, os direitos dos cidadãos cada vez mais são extintos deixando os cidadãos perplexos diante de tantas injustiças sociais.
Daí surge diversas formas de protestos organizados para enfrentamento dos fatores que geram as desigualdades sociais, a exemplo disto, temos a criação dos movimentos sociais, das ONG’s e das redes que estruturados de formas diferentes, apresentam o mesmo interesse de amenizar os impactos gerados pelas politicas neoliberais.
           

AS DIFERENÇAS E SEMELHANÇAS ENTRE ONGS, MOVIMENTOS SOCIAIS E REDES.


            As ONGs são instituições organizadas que apresentam sistemas de funcionamento internos informais, são caracterizadas por apresentar uma lógica pouco burocratizada e eficiente para o desenvolvimento de suas ações. Para a sua propagação as mesmas se preocupam com a sua forma de manutenção e sobrevivência institucional.
As ONGs são organizações não-governamentais que atuam sem objetivar fins lucrativos para atendimento o publico carente financeiramente. O foco de atuação das ONGs sempre foi à sociedade civil, pois as mesmas desenvolvem politicas assistencialistas de cunho filantrópico e buscam o desenvolvimento de programas sociais com parcerias de programas internacionais.
            De acordo com o Banco Mundial o campo de atuação das ONGs é determinado a partir de quatro áreas: assistência e bem-estar; desenvolvimento de recursos humanos, capacitação/militância politica, e politicas de amparo e proteção.
            Os movimentos sociais são ações de grupos que se organizam para alcançar mudanças sociais, suas ações são marcadas pelo confronto politico, permeado por tensões sociais, almejam que a sociedade civil participe por meio de manifestações e reivindicações. As lutas são direcionadas pelos valores culturais, políticos e sociais, prevendo transformações nas estruturas politica e social do Estado.
            Os movimentos sociais diferente das ONGs são caracterizados por serem movimentos não institucionalizados, não apresentam exatamente estruturas funcionais, e, uma de suas marcas é a ausência de compromisso com a eficácia operacional do movimento que atuam.
            No contexto das politicas neoliberais os movimentos sociais perdem a sua centralidade as quais apresentavam principalmente na década de 70, foi devido às divergências politico-ideológica, que se assumiu uma linha de militância e de politização da sociedade civil, sendo incompatíveis com os interesses da politica neoliberal.
            As redes são estruturas articuladas e organizadas que influenciam a sociedade civil no exercício de participação social para uma cidadania plena. As redes direcionam os sujeitos para a construção de identidades de participação coletiva.
A partir da análise realizada com os três componentes, as ONGs, os movimentos sociais e as redes que discutimos suas principais diferenças na forma como se organizam para atender as necessidades apresentadas pela sociedade civil.
No entanto, vale salientar que estes se interligam por meio das causas sociais que desenvolvem, tomamos como exemplo os movimentos sociais que se constituem a partir das interações em redes, visando algum tipo de transformação que envolve sujeitos diversificados.
São nas organizações de base ou associativismo localizado que se inclui as ONG’s, os movimentos sociais, como: o movimento dos sem-terra, movimento dos sem-teto, empreendimentos solidários, etc, estas organizações buscam participar das ações em redes para dar visibilidade às causas às quais estão engajados.

Nas organizações de articulação e mediação politica (...) encontram-se os fóruns de representantes das organizações de base e de cidadãos engajados, associações nacionais de ONG’s e terceiro setor, redes interorganizacionais de interesse público e as redes de redes, que buscam se relacionar entre si para o empoderamento da sociedade civil. (Warren, 2006, p.5)


            Diante do exposto, observamos que são nas formas de mediação e no atendimento das demandas da sociedade civil que as ONGs e os movimentos  sociais atuam em redes através da internet, na medida que os encontros presenciais são possíveis a partir da comunicação através dos meios virtuais.


APROXIMAÇÕES CONCLUSIVAS

Na atual conjuntura politica que estamos vivenciando marcado pelas politicas neoliberais, notamos a ausência do estado para as ações sociais da população, o mesmo transfere a responsabilidade para a sociedade civil, responsabilizando a sociedade pela reparação dos conflitos sociais, enquanto ocupasse com o fortalecimento do mercado.
            Em detrimento a estes fatos as ações dos movimentos sociais busca chamar a atenção do Estado para a sua responsabilidade social, como Estado de direito para com a democracia. Mas, os movimentos sociais nos anos 90 perdem sua força politica e se desmobilizam, pois devido às divergências politicas se pregava que os mesmos não estavam habilitados para atuar na sociedade.
            Momento adequado para o crescimento e fortalecimento das ONGs, pois a “nova era” necessitava de novas relações sociais entre estado e sociedade civil, como não trabalham a partir do foco nas militâncias e no rebatimento direto nas politicas, ganhou força quando saiu do aparato dos movimentos sociais construiu seu próprio campo de atuação.
A partir das análises realizadas com as organizações ONGs e movimentos sociais. Percebemos que no processo de globalização o qual estamos vivenciando, o papel das redes é relevante para efetivação do trabalho que é desenvolvido pela as ONGs e movimentos sociais.
Tendo em vista as diversas transformações que a sociedade vem sofrendo é por meio das noticias que são veiculadas cotidianamente no âmbito da politica, que as redes favorecem o encontro dos movimentos sociais e das ONGs, para discutir sobre as demandas e programar ações sociais que “a nova sociedade” apresenta.



REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA


GOHN, Maria da Glória. O Protagonismo da Sociedade Civil Brasileira In: O Protagonismo da Sociedade Civil: Movimentos sociais, ONGs e redes solidárias. 2. Ed. São Paulo: Cortez, 2008, p. 70- 115.
GOHN, Maria da Glória. “Ongs: a modernidade da participação social na América Latina” In: GADOTTI, Moacir. Os sem terra, ONGs e cidadania: a sociedade civil brasileira na era da globalização. São Paulo: Cortez, 1997. P. 49- 54.
SCHERER-WARREN, Ilse. Das mobilizações às redes de movimentos sociais. REVISTA SOCIEDADE E ESTADO, Brasília, v. 21, 2006, p. 109-130.



[1] Graduanda do 4° ano em serviço social pela Universidade Estadual da Paraíba – UEPB fatimacg2010@bol.com.br
[2] Graduando do 4° ano em serviço social pela Universidade Estadual da Paraíba - UEPB; rrsouzafreire@gmail.com

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