CLASSES MOVIMENTOS E ONGS: UM OLHAR SOBRE A SOCIEDADE
BRASILEIRA
Maria de Fatima de Souza[1]
Rogério Rodrigues de Souza[2]
RESUMO: O presente estudo se destina ao
componente Movimentos Sociais, como requisito para obtenção da nota da segunda
unidade. Aqui estudamos o papel dos Movimentos Sociais, Redes e ONGs, sua diferenciação
e importância para compreensão da sociedade que busca formas de enfrentamento da
questão social e os elementos que compõe a analise e o conhecimento do
referencial estudado. Com isso este estudo torna-se elemento singular para o
conhecimento de questões relevantes para o serviço social, que entra no
enfrentamento social tendo um conhecimento base do campo estudado.
Palavras
chave: Classes,
Movimentos e ONGs.
INTRODUÇÃO
A sociedade
brasileira ao longo dos anos vem passando por um processo de transformação
importante, a conjuntura social dá um suporte para que isso ocorra isso se dá
principalmente pela dinamicidade que caracteriza o individuo que vive em
comunidade. Esta vivencia gera mudanças, adequações, um processo de metamorfose
constante, capaz de direcionar os rumos de povo.
Sendo assim, a
democracia no Brasil se constituiu através de lutas sangrentas, posturas muitas
vezes combatidas pelo poder imposto. A liberdade e a afirmação de um povo foram
tantas vezes extirpadas, direitos foram esquecidos, obrigações renovadas de
forma arbitraria.
O regime
militar ao longo do seu poderio trouxe para o povo um falso ideário de
segurança, alimentou a sede de poder e ganância de uma parcela da população que
a todo instante impõe suas decisões.
Em um caminho
aposto a partir do final dos anos 70 ganham forças no Brasil práticas
coletivas, que tinham como objetivo lutar contra o regime político vigente,
contra seus desmandos, reivindicando bens e direitos sociopolíticos. Isso
acarretava consequências conforme relata GOHN (2008): Participar das práticas de organização da sociedade civil
significava um ato de desobediência civil e de resistência ao regime político
predominante.
Estas dificuldades enfrentadas não impediram que parcelas importantes da sociedade se organizassem em prol de mudanças na sociedade, movimentos advindos do campo popular, dos trabalhadores, mulheres, ambientalistas e tantos outros recortes sociais.
Esses
sujeitos sociais assumiam assim a responsabilidade perante a sociedade, lutando
por direitos trabalhistas, políticos e democráticos. Com isso, o retorno da
democracia, dos processos eleitorais com participação popular era indispensável
ao avanço da sociedade, das políticas públicas e da conquista da liberdade de
expressão de um povo que vivia submisso a um modelo antidemocrático.
Com
o declino do poder militar no final dos anos 80 e ascensão da democracia o país
passou a viver novos ares, conquistas e mudanças se deram ao longo dos anos
permitindo a liberdade fosse eixo basilar, norteando direitos e deveres
homogeneizando a sociedade.
A
liberdade deu lugar a todas as formas de expressão, sejam de cunho social ou
econômico, o povo além lutar e exigir o cumprimento de seus direitos viu a
economia se expandir, adotar um modelo neoliberal que prioriza o privado em
detrimento do estatal, que favorece o declínio do que é público, criando
barreiras àqueles que não se encaixam num perfil adotado como referencia, como modelo
a ser seguido.
A
questão social toma assim novos rumos, agora não se trata apenas de questões
referentes à extirpação de direitos políticos mais sim de exclusão social,
manipulação do patrimônio publico, crescimento do desemprego alimento por uma
política econômica neoliberal que mina os pilares da sociedade civil e
trabalhista.
A
gestão da coisa publica se torna elemento fundamental que direciona as reivindicações,
o aparelho estatal é questionado, é posto na parede, agora cabe a ele servi a
sociedade e não ao poder instituído tendo em vista que é a sociedade civil a
protagonista da história de um povo.
Os
Movimentos sociais ao longo da história de nosso país em especial nos anos 90,
quando perdeu um pouco de visibilidade na política urbana, devido ao fato da
perda de seu poder de pressão direta, os movimentos nas ruas cessaram, um
silencio se deu de forma clara.
Paralelo
a isso os movimentos sociais advindos do campo ganhavam espaço, os sem-terra,
em especial o MST, se destaca nesse cenário de lutas articuladas, em o discurso
tem o papel central, responsável por construir caminhos e destacar figuras
sociais representando o povo e as condições de vida destes.
As
ONGs surgem como frutos das mudanças na conjuntura política que se alicerçava,
com origens nas antigas caritativas e filantrópicas, mais tarde assume uma
outra característica como acrescenta GOHN (2008):
Nos
anos 70-80, as ONGs eram instituições de apoio aos movimentos sociais e
populares, estavam por detrás deles na luta contra o regime militar e pela
democratização do país. [...] As ONGs eram suportes para a ação dos movimentos.
Eram ONGs cidadãs, movimentalistas, militantes. A face movimentalista encobria,
nas próprias ONGs, sua outra face, produtiva, geradora de inovações no campo de
alternativas às necessidades e demandas sociais.
Com as mudanças gestadas na sociedade dos anos 90, surgem
entidades autodenomidanas como terceiro setor (articuladas à empresas e
fundações) ao lado das ONGs, possuem um perfil bem definido, assumindo em muitos
casos o papel do Estado perante a sociedade civil, o representando, sendo elo
de ligação entre o povo e as políticas públicas.
É
nas transformações que a sociedade contemporânea sem sofrendo que ocorrem os
desajustes sociais, e as ações coletivas surgem e reivindicam a participação
coletiva para as ações de interesse público.
Neste
contexto, as redes surgem de formas variadas e com participantes diversos, se
organizam e possibilitam ações de interesses e valores em defesa de um cidadão
plural para a conquista de uma cidadania ampla. As redes se constituem e dão
visibilidade social as suas ações mediante a participação em diversos espaços
como: Fóruns e redes da sociedade civil, participação nos Conselhos Setoriais,
no Orçamento Participativo, participação nas conferencias nacionais e
governamentais em parcerias com a sociedade civil organizada, etc.
As
redes são ações coletivas que envolvem estruturas articuladas com a
intencionalidade de envolver interações de ideias e influencias de
comportamentos, elas podem ser distinguidas a partir dos níveis de relações que
se estruturam, que podem ser distribuídas em: redes sociais que são interações que se estruturam em torno de
afinidades nos objetivos de suas ações, lutam em comum em torno de uma causa; coletivos em rede que são ações são
localizáveis e organizadas em torno de uma temática, ou seja, é uma rede
formada a partir de outras redes; e as
redes de movimentos sociais que se caracteriza por serem organizações com
diversas formas de pensar e agir coletivamente representadas por movimentos
sociais que firmam as ações através de lutas pelos interesses coletivos da
sociedade civil.
Portanto, em detrimento das
politicas neoliberais resultantes do modo de produção capitalista que visa o
lucro para manutenção de sua lógica de reprodução, esta devasta e cria
condições desumanas de sobrevivência para a população global. Nesta lógica, os
direitos dos cidadãos cada vez mais são extintos deixando os cidadãos perplexos
diante de tantas injustiças sociais.
Daí surge diversas formas
de protestos organizados para enfrentamento dos fatores que geram as
desigualdades sociais, a exemplo disto, temos a criação dos movimentos sociais,
das ONG’s e das redes que estruturados de formas diferentes, apresentam o mesmo
interesse de amenizar os impactos gerados pelas politicas neoliberais.
AS DIFERENÇAS E SEMELHANÇAS ENTRE ONGS, MOVIMENTOS SOCIAIS E REDES.
As ONGs são instituições
organizadas que apresentam sistemas de funcionamento internos informais, são
caracterizadas por apresentar uma lógica pouco burocratizada e eficiente para o
desenvolvimento de suas ações. Para a sua propagação as mesmas se preocupam com
a sua forma de manutenção e sobrevivência institucional.
As ONGs são
organizações não-governamentais
que atuam sem objetivar fins lucrativos para atendimento o publico carente
financeiramente. O foco de atuação das ONGs
sempre foi à sociedade civil, pois as mesmas desenvolvem politicas
assistencialistas de cunho filantrópico e buscam o desenvolvimento de programas
sociais com parcerias de programas internacionais.
De
acordo com o Banco Mundial o campo de atuação das ONGs é determinado a partir
de quatro áreas: assistência e bem-estar; desenvolvimento de recursos humanos,
capacitação/militância politica, e politicas de amparo e proteção.
Os
movimentos sociais são ações de grupos que se organizam para alcançar mudanças
sociais, suas ações são marcadas pelo confronto politico, permeado por tensões
sociais, almejam que a sociedade civil participe por meio de manifestações e
reivindicações. As lutas são direcionadas pelos valores culturais, políticos e
sociais, prevendo transformações nas estruturas politica e social do Estado.
Os
movimentos sociais diferente das ONGs são caracterizados por serem movimentos
não institucionalizados, não apresentam exatamente estruturas funcionais, e,
uma de suas marcas é a ausência de compromisso com a eficácia operacional do
movimento que atuam.
No
contexto das politicas neoliberais os movimentos sociais perdem a sua
centralidade as quais apresentavam principalmente na década de 70, foi devido às
divergências politico-ideológica, que se assumiu uma linha de militância e de
politização da sociedade civil, sendo incompatíveis com os interesses da
politica neoliberal.
As
redes são estruturas articuladas e organizadas que influenciam a sociedade
civil no exercício de participação social para uma cidadania plena. As redes
direcionam os sujeitos para a construção de identidades de participação
coletiva.
A partir da análise
realizada com os três componentes, as ONGs, os movimentos sociais e as redes
que discutimos suas principais diferenças na forma como se organizam para
atender as necessidades apresentadas pela sociedade civil.
No entanto, vale salientar
que estes se interligam por meio das causas sociais que desenvolvem, tomamos
como exemplo os movimentos sociais que se constituem a partir das interações em
redes, visando algum tipo de transformação que envolve sujeitos diversificados.
São nas organizações de
base ou associativismo localizado que se inclui as ONG’s, os movimentos sociais,
como: o movimento dos sem-terra, movimento dos sem-teto, empreendimentos
solidários, etc, estas organizações buscam participar das ações em redes para
dar visibilidade às causas às quais estão engajados.
Nas organizações de
articulação e mediação politica (...) encontram-se os fóruns de representantes
das organizações de base e de cidadãos engajados, associações nacionais de
ONG’s e terceiro setor, redes interorganizacionais de interesse público e as redes
de redes, que buscam se relacionar entre si para o empoderamento da sociedade
civil. (Warren, 2006, p.5)
Diante
do exposto, observamos que são nas formas de mediação e no atendimento das
demandas da sociedade civil que as ONGs e os movimentos sociais atuam em redes através da internet,
na medida que os encontros presenciais são possíveis a partir da comunicação
através dos meios virtuais.
APROXIMAÇÕES
CONCLUSIVAS
Na atual conjuntura
politica que estamos vivenciando marcado pelas politicas neoliberais, notamos a
ausência do estado para as ações sociais da população, o mesmo transfere a
responsabilidade para a sociedade civil, responsabilizando a sociedade pela
reparação dos conflitos sociais, enquanto ocupasse com o fortalecimento do mercado.
Em
detrimento a estes fatos as ações dos movimentos sociais busca chamar a atenção
do Estado para a sua responsabilidade social, como Estado de direito para com a
democracia. Mas, os movimentos sociais nos anos 90 perdem sua força politica e
se desmobilizam, pois devido às divergências politicas se pregava que os mesmos
não estavam habilitados para atuar na sociedade.
Momento
adequado para o crescimento e fortalecimento das ONGs, pois a “nova era”
necessitava de novas relações sociais entre estado e sociedade civil, como não
trabalham a partir do foco nas militâncias e no rebatimento direto nas politicas,
ganhou força quando saiu do aparato dos movimentos sociais construiu seu
próprio campo de atuação.
A partir das análises
realizadas com as organizações ONGs e movimentos sociais. Percebemos que no
processo de globalização o qual estamos vivenciando, o papel das redes é
relevante para efetivação do trabalho que é desenvolvido pela as ONGs e
movimentos sociais.
Tendo em vista as diversas
transformações que a sociedade vem sofrendo é por meio das noticias que são
veiculadas cotidianamente no âmbito da politica, que as redes favorecem o
encontro dos movimentos sociais e das ONGs, para discutir sobre as demandas e programar
ações sociais que “a nova sociedade” apresenta.
REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA
GOHN, Maria
da Glória. O Protagonismo da Sociedade
Civil Brasileira In: O Protagonismo
da Sociedade Civil: Movimentos sociais, ONGs e redes solidárias. 2. Ed. São
Paulo: Cortez, 2008, p. 70- 115.
GOHN, Maria da Glória. “Ongs:
a modernidade da participação social na América Latina” In: GADOTTI, Moacir. Os
sem terra, ONGs e cidadania: a sociedade civil brasileira na era da
globalização. São Paulo: Cortez, 1997. P. 49- 54.
SCHERER-WARREN, Ilse. Das mobilizações às
redes de movimentos sociais. REVISTA SOCIEDADE E ESTADO, Brasília, v. 21, 2006,
p. 109-130.
[1] Graduanda
do 4° ano em serviço social pela Universidade Estadual da Paraíba – UEPB fatimacg2010@bol.com.br
[2] Graduando do 4° ano em
serviço social pela Universidade Estadual da Paraíba - UEPB; rrsouzafreire@gmail.com