quarta-feira, 20 de junho de 2012

O jogo de interesses




Desde os primórdios o homem é movido por interesses, isto é, tudo que ele faz é imbuído de segundas intenções. Quando criança, já aprendemos a chorar fazer bico, verdadeiros espetáculos quando queremos algo, no intuito de alimentar nossas carências ou receber compensações que nos agrade momentaneamente, seja fisiologicamente ou emocionalmente. 
Com o passar do tempo isso não muda, pelo contrario, evolui gradativamente. Isso se manifesta na sociedade, por ser ela composta de membros dotados destes mesmos mecanismos de defesa. A subjetividade manifesta-se claramente, fugindo da idéia de que o modelo cientifico - racional é sempre objetivo, e, portanto destituído de qualquer subjetividade aparente. 
Dessa forma, percebe-se que este mesmo modelo é imbuído de subjetividade e objetividade. Muitos dos avanços tecnológicos e científicos humanos tentam dá uma resposta a sociedade, para as suas necessidades. 
No entanto, elas vêm mascaradas por uma idéia de bem comum, quando na realidade o que conta é o interesse daquela parcela detentora de tal conhecimento, isto por sua vez vai gerar bens, principalmente econômicos. Exemplo claro disso, é quando acontecem descobertas cientificas ligadas a tecnologia ou a saúde, estas são vendidas a preço de ouro, com uma idéia aparente de bem comum, chegando a sensibilizar, quando na realidade o que está por traz é o fruto desse investimento – o capital. 
É possível ainda destacar dois exemplos práticos desta realidade tão presente em nossos dias: o surgimento desenfreado de novas religiões fundamentadas na teologia da prosperidade e da política que passa para os eleitores uma postura de trabalho em prol do povo, quando o que vemos pela TV é bem diferente deste discurso. Que o diga o “mensalão” e o escândalo do senado envolvendo Sarney, Demóstenes e cachoeira. 
Portanto, não é possível haver uma relação neutra entre as várias faces de nossa sociedade, desde a ciência, passando pela política e religião, pois como diz o ditado popular “de boas intenções o inferno está cheio”, ou seja, aquilo que se apresenta como verdade nem sempre é confirmado nas entrelinhas.

Surgimento da sociologia




Ao longo da história da humanidade muitas foram as manifestações e criações humanas para tentar responder as necessidades e realidades que surgiam em meio ao processo histórico. 

Nesse itinerário, percebemos que a história passou por varias fazes, desde os primeiros sinais de vida humana na pré-história até chegarmos ao pensamento moderno. Aqui há uma ruptura com a forma organizacional da sociedade feudal, seja dos meios de produção, seja do poder da Igreja Católica Romana, que durante séculos deteve as maiores riquezas intelectuais e territoriais. 

A partir do século XVII, a história toma um novo rumo, com as revoluções científico-intelectual, industrial e francesa. Na primeira os movimentos racionais e intelectuais como o Antropocentrismo e o Iluminismo rompem com o pensamento religioso e político vigente. No segundo em (1789), o capitalismo é instalado definitivamente, isto se dá principalmente pela modificação dos modos de produção. 

A máquina começa a ocupar o lugar dos operários, causando a demissão de vários deles, os grandes aglomerados industriais ganham espaço nessa nova ordem social. 

As descobertas e inovações cientifico- intelectuais mechem com as estruturas sociais vigentes, provocando uma nova visão de mundo, uma nova forma de perceber as realidades que se apresentam, culminando com a Revolução Francesa anos depois, que estabelece o modelo burguês, carregando a bandeira da liberdade igualdade e fraternidade, tentando dar respostas aos anseios de uma estrutura que nascia já fragmentada e atingida por tantas chagas advindas dos processos industriais e tecnológicos. 

A Sociologia surge no intuito de responder intelectualmente as reações negativas nascentes dessa ordem social e econômica pós Revolução Industrial. 

Conclui-se assim, que, a Sociologia é uma resposta clara racional e de certa forma imediata ao capitalismo industrial e suas várias faces, já que ela é a ciência das sociedades, estuda suas estruturas, seus problemas e relações históricas existentes entre os indivíduos.

Capitalismo selvagem




Na contemporaneidade o capitalismo vem seguindo, eu diria, um modelo já conhecido por nós, um “jeito especial de ser”, onde as transformações são sempre imbuídas de um caráter auto-preservacionista, com o intuito de permanecer sempre vivo e moderno, acompanhando assim o ritmo de mudança de pensamento e necessidades da sociedade. O mesmo processo ocorre no mundo do trabalho onde as relações são sempre redimensionadas e transformadas com o intuito de atender aos interesses do grande capital que sobrevive através da exploração do trabalho e do trabalhador.

Com os modelos fordista e toyotista a forma de produção ganhou uma nova roupagem, o que não quer dizer que o mundo do trabalho tenha passado por uma transformação favorável ao trabalhador, ele continuou a ser explorado do mesmo jeito.

Hoje, o que predomina é a produção com custos cada vez mais baixos; produtos descartáveis com durabilidade reduzida, incentivando o consumo; exigência do trabalhador multifuncional, “o faz tudo”; diminuição dos direitos do trabalhador através do crescimento do pagamento da hora extra e dos contratos de serviços temporários; exploração do trabalho feminino com o pagamento de salários inferiores aos dos homens; exclusão de jovens sem experiência e pessoas consideradas velhas para o mercado de trabalho; inclusão de crianças no mundo trabalhista e o avanço exacerbado do trabalho social combinado.

Portanto, todas as consequencias citadas aqui nos levam a concluir que o homem e o que ele possui de muito caro, que é sua capacidade de produzir bens e serviços necessários a sua sobrevivência, vem perdendo statos de essencial e colocando-se como descartável. Nesse sentido há uma descartabilidade não somente do trabalho humano, mas também do homem em si, o que ele vale para o mercado é o quanto ele pode produzir e dá de lucro a quem o emprega, se assim, não o fizer, seu destino ultimo será indefinido.

O trabalho permanece sendo para nós que dele necessitamos uma dádiva, tendo em vista o grande crescimento do número de desempregados que forma um exercito de reserva cada dia mais capacitado e disposto a vender sua força de trabalho com o intuito de sobreviver a selva moderna.  



Etnocentrismo







ROCHA, Everardo. O que é etnocentrismo. 1. ed. São Paulo: Brasiliense, 1984. (Coleção Primeiros Passos, 124).

Pensando em partir
No etnocentrismo, o “eu” julga o “outro” pelos seus próprios valores havendo a dificuldade de aceitar as suas diferenças, e é através da constatação destes que se origina o etnocentrismo, pelo choque de culturas. O sentimento de estranheza é inevitável, pois ocorre a ameaça de “nossa” própria identidade cultural tendo em vista que, de qualquer forma, o “eu” é representado como o melhor, é quando o julgamento e a comparação do “outro” que é tido como inferior por apresentar hábitos ou opiniões diferentes acontece.


O etnocentrismo não é aplicado a uma única sociedade e a atitude etnocêntrica sustenta o pressuposto do “outro” não ter voz nem vez. A ótica etnocêntrica passa por um julgamento da cultura do “outro” nos termos da cultura do grupo do “eu”. Mas, diante de todo esse contexto, existem idéias que vão de encontro ao etnocentrismo e uma das mais importantes é a relativização. Ela faz com que cada ponto de vista seja respeitado e possa existir de acordo com a sua história e significação; é o contrario do etnocentrismo.


A Antropologia Social é uma ciência que busca estudar a diferença entre os seres humanos com o compromisso de procurar superá-la.             



Primeiros Momentos



No final do século XV e inicio do século XVI discute-se e especula-se, nos centros avançados de estudo, sobre as possibilidades teóricas e os desenvolvimentos técnicos necessários á dilatação do império e á conseqüente alteração das fronteiras do mundo conhecido. Dessa maneira surgia para o pensamento ocidental um conjunto de novas questões, interesses e paradoxos. Onde o mundo do eu se via obrigado, a pensar a diferença do outro. Com vários questionamentos como “o que significa o novo mundo?” entre outras questões.


Assim, se iniciava a busca de respostas que explicassem a diferença. O encontro entre a sociedade do eu e a sociedade do outro, no século XVI constituiu em uma das arenas principais. Era complicado de se entender no começo, mas porem era o inicio de uma nova forma de pensar o outro, dando-se o nome de Antropologia Cultural e Social sem preconceitos de qual das duas está com a verdade.


A noção de evolução é um marco fundamental para o pensamento antropológico. Ela vai aparecer como idéia básica para toda uma grande fase da teoria antropológica e na historia dos saberes sobre o ser humano, tem um lugar de destaque, quase que como uma ancora, para os trabalhos e estudos que procuram fazer da antropologia uma ciência. 


No século XV e XVI atravessou-se um momento de espanto e perplexidade, que só vai encontrar nos séculos XVIII e XIX uma nova explicação: o outro é diferente porque possui deferente grau de evolução.


Evolução, no seu sentido mais amplo, entende-se como equivalendo a desenvolvimento, a transformação progressiva no sentido da realização completa de algo latente.


Para o evolucionismo antropológico a noção de progresso torna-se fundamental, pois é no seu rumo que a história do homem se faz. Acredita-se na unidade básica da espécie humana e o fator tempo passa a ser bastante importante. Saindo de estágios mais primitivos numa trajetória de permanente progresso onde o tempo é a teia onde se tece a evolução.


O etnocentrismo estava em achar que o outro era completamente dispensável como elemento de transformação da teoria. A magia desse processo consiste em que quanto mais sabemos mais sabemos o quanto falta saber. Partindo daí, a consciência que leva a antropologia a explodir os esquemas simplificadores do evolucionismo e assim a ampliar seu campo de estudo.

O passaporte


A terceira categoria destacada no texto é o “Passaporte”, no qual aborda que o século XX traz para a Antropologia uma série de novas idéias, formuladas por um grupo de estudiosos. Com isto, o etnocentrismo vai aos poucos se desestruturando dentro da disciplina. O passo inicial dado em busca dessa superação do etnocentrismo foi dado pelo alemão Franz Boas. Ao seu nome se liga uma escola de pensamento que ficou conhecida como difusionismo ou escola americana.


Boas juntamente com um grupo de alunos, relativizam as noções de evolucionistas, como também as idéias de cultura e história. Ele é o primeiro a perceber a importância de estudar as culturas humanas em seu particular. Cada grupo com suas condições históricas, climáticas, lingüísticas, produzem uma determinada cultura, que se caracteriza por ser única exclusiva. Boas, volta-se definitivamente para o mundo do “outro”.
     
Outra obra de destaque “Casa Grande e Senzala” de Gilberto Freyre, que por sinal também foi aluno de Boas, traz uma abordagem a cultura brasileira, observando o universo microscópico do cotidiano, o que os brasileiros fazem e pensam para criar uma forma particular de ser na vida. Outros grupos se desenvolveram em busca do mesmo objetivo, a superação do etnocentrismo. Um grupo investiga a relação entre a cultura e o ambiente, um segundo relaciona a mentalidade dos indivíduos com a cultura por eles vivida, e um terceiro grupo investiga as relações entre a linguagem e a cultura.
    
Começaremos pela escola personalidade e cultura que tem como características principais, estabelecer uma relação entre a cultura e as personalidades individuais, como se a cultura influenciasse diretamente na vida humana. A cultura seria um conjunto de características que estariam impressas nas personalidades humanas. Um dos problemas nessa escola é o que chamamos de reducionismo, ou seja, a dificuldade de explicarmos o todo – a cultura – por uma de suas partes, nesse caso a personalidade.


O segundo grupo no qual vem estudar a relação entre a cultura e a linguagem destaca que, cada língua ao se deparar com a realidade a transforma em algo. A língua é para aqueles que a falam, um fator determinante que organiza sua visão de mundo. O terceiro e último grupo na qual relaciona a cultura e o ambiente, pressupõe que o ambiente é o fator que determina as opções culturais.
A cultura é uma resposta adequada ao meio onde se estabelece. Os elementos culturais inseridos em um ambiente passam por mudanças, readaptações, etc. Diante de toda essa abordagem, podemos concluir que o “outro” passa a ter um lugar de destaque, passa a ser estudado como algo relevante, deixando de ser um simples momento do “eu”.

Voando Alto


Para o evolucionismo, a humanidade caminha em uma só direção que é a evolução, mas para o pensamento difusionista deve-se estudar particularmente cada povo. Para historicistas o presente se conhece através dos estudos.


Radicliffe-Brown questiona essa maneira de estudo e utiliza o funcionalismo no intuito de empurrar o estudo do “outro”, da “diferença”, para fora do etnocentrismo. A antropologia se separa da história e se direciona para o estudo da sociedade do “outro” sem se preocupar com o passado desta sociedade. A sociedade do “eu” tem o tempo como instrumento básico para compreensão da vida.             Quando a antropologia se afasta da história abre um lugar para que a sociedade do “outro” apareça com ela é.


Na ligação entre o “eu” e o “outro” ocorre uma diminuição no etnocentrismo. Para Brown deve-se existir uma ligação entre, “processo”, “estrutura” e “função”, pois estes formam um esquema para interpretar a realidade. O “processo social” é a criação das relações sócias onde ocorre um envolvimento sistemático entre todos.


Durkheim afirma que o social não se explica pelo individual, pois toda a sociedade não se pode explicar apenas pelo individuo. O fato social é coercitivo, extenso, e externo. Assim o fato social induz o homem a uma participação independente da sua vontade, não conseguindo o homem se excluir deste se ele for envolvido, o fato social independe da vontade do individuo.


Malinowski passa 31 meses em uma aldeia, no intuito de visitar o mundo do “outro”, assim ele consegue repensar o próprio “eu” através de uma relativização entre um e outro. Onde a sociedade do “outro” é utilizada para que a sociedade do “eu” possa se vê.


Todos estes homens tentaram superar o etnocentrismo e usar as diferenças como conquistas.

A volta por cima
        
A contribuição de Claude Lévi-Strauss foi muito importante, sendo ele o autor de algumas das obras mais importantes da Antropologia, ressaltando a necessidade de se conhecer o outro, na sua experiência ele relata sua convivência com os índios, ao qual ele se dizia “discípulo e testemunha”.


É preciso constatar a incansável busca da Antropologia pela relativização, tentando se desprender da visão etnocêntrica do “eu”, que acaba influenciando no conhecimento do “outro”. A Antropologia com o passar do tempo identificou essa necessidade de conhecer o outro e sua diferenças, não como ameaça a ser destruída, mas como contribuição a humanidade.


A autonomia alcançada por ela fez com que ele se desvencilhasse de certos pré-requisitos do “eu” para conhecer o “outro, o que anteriormente não poderia acontecer já que se tinha um conceito de cultura pré- estabelecido ao qual não conseguia se soltar. Um dos maiores desafios da antropologia foi deixar essa visão do “eu”, já que ela foi concebida na sociedade do “eu”.
        
A Antropologia teve como artifício para o conhecimento do outro a pesquisa de Campo, que levou o pesquisador a conhecer e vivenciar as realidades estudadas, para construir de forma correta uma visão relativa e não mais etnocêntrica. Quando a Antropologia se guiou pela sociedade do “eu”, acabou fugindo totalmente a sua real vocação, a de preservar a diversidade em prol da relativização.
         
As noções de cultura estavam intimamente ligadas a questões históricas, onde a própria história contada pelo “eu” aparecia como verdadeira, eliminando qualquer participação do outro na construção da mesma. Com outros autores a idéia de cultura ganha outros traços se desprendendo da história.
         
É o próprio Lévi-Strauss que vai descartar a importância da história para o entendimento do outro, já que não se tem uma única história, existe várias, não se pode basear na história de uma sociedade desenvolvida para entender o porquê que a outra não se desenvolveu, cada sociedade ou até mesmo o individuo passa por mutações diferenciadas, o que deixa ainda mais complexo de se entender o “outro”. Em uma de suas obras “Estruturas Elementares do Parentesco”, Lévi Strauss vai mostrar um modelo típico de etnocentrismo, que é a questão da família, na nossa visão nuclear como o coração do sistema, ou seja, universalizamos um único modelo de família como o ideal e o único aceitável, qualquer outro modelo de parentesco que não seja consangüíneo parecia até mesmo absurdo
        
Boas juntamente com seus alunos, foi o grande responsável pela contribuição dada na tentativa de superar o etnocentrismo, que ainda é muito presente. A cultura agora pode ser observada a partir de diversos segmentos, como, a linguagem, o ambiente e até mesmo o comportamento dos indivíduos.
      
A Antropologia busca a relativização das situações para um possível conhecimento, eliminando essa visão etnocêntrica de que o “eu” é algo normal e que o “outro” se apresenta sempre como algo inaceitável e esquisito se ele não comunga das mesmas qualidades e referências existentes no “eu”. O mundo que a antropologia espera é um mundo relativo e complexo, até mesmo chegando ao ponto de conhecer o “outro” antes mesmo de conhecer o “eu”.

terça-feira, 19 de junho de 2012

ATITUDE INVESTIGATIVA E FORMAÇÃO PROFISSIONAL: A FALSA DICOTOMIA.



Dentro do Serviço Social ocorreu um significado avanço pós anos 70, com o surgimento de cursos de pós-graduação, impulsionando a pesquisa e a formação dos profissionais voltados para a intervenção e para produção de conhecimentos. Sendo assim, a atitude investigativa e a prática nos leva a pensar numa teoria-prática, ambos contribuem para a transformação prática do mundo.

A dimensão investigativa tem seu suporte na práxis, pois a teoria não trata apenas de pensar o fenômeno como mera atitude contemplativa, mas dirigi o pensamento a uma mudança real no sentido de derrubar o teor existente no seu interior numa perspectiva superadora. Já a prática supera a realidade e por sua vez se torna inseparável do conhecimento como o é também a teoria.

Assim estes elementos se colocam como indissociáveis. A teoria realiza-se na prática, nesse processo se constrói categorias expressando modos de ser, pensando os fatos, numa atitude dialética, onde conceitos são citados.

Com o conhecimento da situação ou realidade e consequentemente intervenção o Assistente Social precisa ter um referencial teórico que o ilumine em sua leitura da realidade, saber usar instrumental técnico e estratégias adequadas no enfrentamento da questão social e ter consciência do papel de sua intervenção na defesa de um projeto de sociedade.

No exercício profissional, a intervenção e a mediação nos faz penetrar na realidade, questionar, mergulhar, ir além da realidade imediatamente dada, desvendando suas particularidades.



BATTINI, Odária. Atitude investigativa e formação profissional: a falsa dicotomia. Serviço Social & Sociedade, São Paulo, ano 15, n. 45, p. 142-146, ago. 1994.

A DIMENSÃO INVESTIGATIVA NO EXERCÍCIO PROFISSIONAL





Desde os anos 90, a formação dos assistentes sociais brasileiros tem como metas no seu projeto pedagógico valores e diretrizes com intuito de investigar e intervir, sendo estes elementos fundamentais na formação e da relação teoria e realidade. Desse modo, o profissional seguindo estes indicadores tem como prioridade a competência técnica, a crítica teórica e os compromissos ético-políticos.

É necessário para isso um sólido referencial teórico- metodológico, sendo possível ao profissional formado a capacidade de desvendar as dimensões constitutivas da chamada questão social, em seu enfrentamento. A pesquisa se faz importante como patrimônio intelectual e bibliográfico da profissão principalmente no âmbito da pós- graduação stricto senso influenciados pela tradição marxista.

A lei n°8662/1993, afirmou a importância da pesquisa ao torná-la um elemento constitutivo do trabalho profissional competente e qualificado, pois a profissão se encontra no contexto de reprodução da sociedade capitalista, com seu modo de ser e de se reproduzir, sendo essa relação explicada por estas relações.

A relação dialética entre investigar e intervir, nos proporciona conhecer a realidade, aplicando os procedimentos adequados, tendo em vista um conhecimento sempre provisório, parcial, histórico relativo há um tempo e espaço sociocultural e historicamente determinado. O conhecimento se inicia pelos órgãos dos sentidos (intuição), já o empirismo estabelece a máxima de que só se aprende a fazer fazendo e por último o conhecimento pode vir pelo senso comum, mas tem que ir além dele.

O conhecimento proveniente do intelecto (formal-abstrato) tem uma atitude de aceitação passiva do que está posto (entendimento), já o oriundo da razão dialética capta o movimento do objeto partindo dessa relação. Contudo, a pesquisa parte sempre de um conhecimento superficial da realidade, de uma abstração, nos permitindo através de cada modalidade uma forma diferente de apropriação do mundo.

A pesquisa cientifica exige rigor, métodos e técnicas apropriadas e não pode ser identificada como mera sistematização de dados, tendo em vista que esta é um passo preliminar, um momento inicial. Numa investigação o aparente exprime que há algo a mais a ser conhecido, uma totalidade em processo de totalização, onde as partes são consideradas totalidades parciais.

A decomposição e recomposição da totalidade é realizada no e pelo pensamento do sujeito, num processo de analise das mais simples e mais complexas, a realidade é composta assim de três dimensões, universal (ciência), particular e singular.Nesse caminho, a contradição é principio básico do movimento de constituição da própria realidade, que se coloca tanto como possibilidades como restrições de possibilidades.

 A realidade carrega elementos novos e velhos. O passado convive com o presente e aponta tendência para o futuro. Portanto, a pesquisa para o Serviço Social fornece elementos e subsídios essenciais à sua instrumentalidade, a sua prática interventiva e investigativa. Ao realizar entrevistas, estudo social, laudos e pareceres, colhemos informações diretas e indiretas.

No Brasil, desde os anos 1980, temos uma produção cientifica e bibliográfica própria expandida para outros países da America latina sendo reconhecida sua importância, devido à contribuição do referencial marxista. A pesquisa desenvolve a capacidade de investigar as relações e demandas sociais, favorecendo o conhecimento crítico rumo à liberdade, autonomia, competência e compromisso, fatores que são possíveis graças à pesquisa científica.



GUERRA, Y. A dimensão investigativa no exercício profissional. Serviço Social, Direitos e competências profissionais. Programa de Capacitação continuada para assistentes sociais. ABEPSS/CFESSS: 2009.

Sonhar é viver



Sonhar é alimentar uma realidade escondida no interior da alma, este por sua vez lá vive por longos períodos a espera de momento para se tornar realidade em nossa existência.

Para tanto, requer de nós uma parcela importante de contribuição, não permitir que a tristeza e o desanimo impeça nossa coragem de vislumbrar o real, e perceber nele as maravilhas da realização pessoal. 

O PODER DA FÉ





Ao longo da história o ser humano constituiu sempre um alicerce sobre o qual depositou suas expectativas e esperanças, esperando nele encontrar refúgio nos momentos de êxtase e descanso da alma.


Nessa busca nomeou seres ou coisas como DIVINO, o colocando no centro de sua existência, buscando formas de afirmá-los perante as pessoas, depositando uma confiança tamanha, capaz de alimentar sua van existência.

Diante disso, na atualidade, esta meta vem sendo continuada, o que mudou se assim podemos classificar, foi à importância dada pelas pessoas ao Divino.

Hoje, é muito comum ver as famílias colocando a fé ou experiência religiosa como coisa do passado, os filhos são educados sem nenhuma referencia religiosa, em que ao os levar a conhecer uma determinada experiência religiosa, sua liberdade estaria sendo negada, sendo uma imposição e não uma escolha livre dos sujeitos.

Desse modo, vemos crescer o índice de pessoas que se declaram como descrentes ou ateus, crescem e constituem novas famílias dessa maneira, fazendo com este ideário avence cada dia mais.
Não creio que a fé em algo ou alguém possa resolver todos os problemas que surgem todos os dias no seio das famílias, mas creio sim que ela dá um suporte diferenciado ao preparar as famílias psicologicamente e espiritualmente para enfrentá-los.

Enquanto nos preocupamos em educar para a fé, a sociedade educa para a falta dela, discrimina e menospreza quem a ela dá seu devido lugar.

Portanto, seja qual for seu Deus, seu deposito de fé e confiança, alimente-o e o ensino aos seus, pois se assim não o fizer, outro o fará, e o fará de forma errônea e desleal, e com certeza não será seu Deus que ele ensinará.  

“Seu Deus deve está no centro da sua existência, iluminando todos os seus passos, pois ‘‘quem tem fé chega onde quer”. 

sexta-feira, 15 de junho de 2012

VIOLÊNCIA CONTRA O IDOSO








Nesse dia 15 de junho é o Dia Mundial de Conscientização da Violência Contra a Pessoa Idosa, sendo assim, faz-se necessário uma reflexão sobre o tema, tendo em vista o grande número de idosos no mundo. Em 2008, o número de pessoas com 65 anos ou mais atingiu 506 milhões de pessoas no mundo, segundo o Departamento do Censo dos EUA. A cifra deve mais do que dobrar até 2040, chegando a 1,3 bilhão de pessoas, ou 14% da população global estimada. (Segundo dados disponíveis em:     http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL1236329-5602,00.html




A violência que se desenvolve no espaço familiar é bastante complexa e delicada, sendo extremamente difícil penetrar no silêncio das famílias dos idosos violentados. A insegurança, o medo de represálias oriundo de conflitos, da proximidade, do afeto, do amor, do instinto de proteção em defesa do agressor. Estes são alguns exemplos de justificativas para a omissão dos idosos, quando violentados por seus familiares.
Assim, parece existir uma concepção geral de que os idosos residentes nos seus lares obtêm de sua família condições favoráveis para a preservação do seu equilíbrio afetivo, psicológico e físico.
O idoso como vítima de violência sente-se constantemente ameaçado, sendo incapaz de se defender para garantir sua segurança. Com isso, muitos desses indivíduos desconhecem os serviços de assistência e proteção contra violência e não têm quem os ajude na busca de socorro, fato que dificulta denuncia dos agressores.
Paralelo a isso, a violência ao idoso cresce acelerado pelo crescimento da população de idosos, mesmo sendo considerado fator positivo para a história do desenvolvimento da humanidade, o mesmo não ocorre em relação a criação de medidas que visem a garantir a qualidade de vida desses indivíduos.
Nos últimos anos no Brasil e no mundo o aumento expressivo do número de idosos tem sido impulsionado pelas grandes inovações científico-tecnológicas, associadas a melhores condições de vida.
Através dos anos, a sociedade brasileira criou uma cultura que tende a separar os indivíduos mais velhos, discriminá-los, desejar sua morte, considerando-os ainda como descartáveis e como pesos sociais.
Diante disso, constatamos que as violências contra os idosos são muito mais abrangentes no país do se imaginava, apresentando-se em abusos físicos, psicológicos, sexuais, financeiros e em negligências. 
Por isso, a família que cuida de um idoso está deve está pronta a sofrer pressões financeiras, cansaço físico e responsabilidade com os profissionais pagos para ser cuidadores, já que estes dedicam um longo período na prestação dos cuidados ao idoso. Assim, esses fatores em conjunto, ou mesmo isoladamente, são capazes de desencadear situações de maus-tratos e de negligência contra o idoso no âmbito familiar.
Outro ponto que cabe salientar é a violência por motivos patrimoniais, ou seja, por bens, que seria a apropriação indevida dos bens de outrem através do uso da violência. No caso dos idosos, eles permitem que os agressores se apropriem de seus bens, pelo medo da solidão, do abandono em asilos e clínicas especializadas.
Muitos idosos convivem apenas com netos, figura também elencada como agressor em vários casos, inclusive na autoria de homicídios, o que reafirma que a violência familiar pode ser reproduzida em todos os modelos familiares. De acordo com o IBGE, é crescente o número de netos e bisnetos que vivem sob a custódia dos avós sendo na maioria das vezes cuidados e sustentados por eles. Tal dependência pode contribuir para aumentar conflitos e motivar comportamentos violentos, pois o idoso é o responsável financeiro, no entanto está sob a custódia e responsabilidade da família.
Alguns idosos são, ainda, destituídos do poder de decisão, privados de ocupar um espaço físico próprio, do direito de escolha, da liberdade de expressão, do direito à saúde e do direito de envelhecer saudável e com dignidade de cidadão.
Portanto, os idosos maltratados, sendo mais vulneráveis que as demais faixas etárias, encontram-se muitas vezes inseguros e fragilizados, e por essa razão não procuram de imediato os serviços especializados. Sem o apoio de familiares e sem amizades, torna-se difícil e constrangedor procurar sozinho os serviços fornecidos pelo governo. 







terça-feira, 12 de junho de 2012

Dia dos Namorados ou dia de lucro para o capital?





Esta data nos remonta a história do Dia de São Valentim final da Idade Média, durante o qual o conceito de amor romântico foi formulado, este personagem lutou contra as ordens do imperador Claudio II, que havia proibido o casamento durante as guerras acreditando que os solteiros eram melhores combatentes. Ele continuou a celebrar casamentos, mais tarde casou-se secretamente, ao ser descoberto, foi preso e condenado à morte. Aguardando o cumprimento da sua sentença, se apaixonou pela filha cega de um carcereiro e, milagrosamente, devolveu-lhe a visão. Antes da execução, Valentim escreveu uma mensagem de adeus para ela, na qual assinava como “Seu Namorado” ou “De seu Valentim”
Outra versão diz que no século XII, ingleses e franceses passaram a celebrar este mesmo dia como a união do Dia dos Namorados. A data foi adotada um século depois nos Estados Unidos, tornando-se o The Valentine's Day.
No Brasil, a data é comemorada no dia 12 de junho por ser véspera do  Santo antonio, santo português com tradição de casamenteiro. A data provavelmente surgiu no comércio paulista, quando o comerciante João Doria trouxe a ideia do exterior e a apresentou aos comerciantes.
Com o sucesso da data foram incorporados alguns símbolos como o coração e a figura de um Cupido com asas, o comércio tem ainda a venda de cartões, flores e mensagem de varias naturezas como elos importantes de divulgação do amor entre os casais.
Esta data como o dia das mães, dos pais, natal e ano novo são estratégias do comercio para alavancar as vendas de produtos voltados para estas categorias, o que se certa forma sufoca o sentido bom da data.
Ao se presentear a pessoa amada, se revigora os primeiros momentos de uma relação que em seu nascedouro era alimentada por momentos de carinho e atenção, volta-se ao primeiro amor, ou melhor, esse deveria ser o objetivo primordial.
Em todos os acontecimentos vivenciados por nós nas nossas relações sociais devemos destacar que há sempre um motivo principal e um secundário, o que não podemos permitir é que o segundo predomine.
O que nos une em todas as datas da nossa vida deve ser o amor, aquele mesmo sentimento que é capaz de nos tirar o chão nos momentos de certeza, nos cegar diante da beleza invisível que só os olhas da alma é capaz de enxergar, que na alegria e na tristeza nos anima a alma, nos faz sonhar mesmo quando a vida se faz um pesadelo no amanhecer de um novo dia.
Sim, presentear e lembrar o amado é sempre bom e salutar, produz frutos imediatos e muitas vezes passageiros, o que não nos impede de ver a beleza do momento.
Diante disso, procuremos presentear aquele(a) que amamos com o amor sincero e destituído de interesse material, doando-se em cada minuto como se fosse o ultimo e primeiro, o melhor e o mais bonito.
Portanto, não esperemos uma data socialmente estabelecida para nos dedicarmos a quem amamos, lembrar de suas bondades, mas façamos de cada dia um instante de paixões e carinhos trocados, onde se respira aquele fogo que arde sem se consumir, o amor.        

segunda-feira, 11 de junho de 2012

A futilidade nos meios de comunicação




Com o advento da TV, substituindo o rádio como meio de comunicação de massa na grande maioria dos lares, tornou-se possível a divulgação de notícias com extrema rapidez. Isso trouxe um ponto positivo no que tange a aproximação da população com os acontecimentos diários do Brasil e do mundo, por outro lado a programação ofertada pelas emissoras tenta nos convencer todos os dias do que é tido como moda, importância e destaque em um sistema consumista e globalizante.

Diante disso, como não assistir ou se alienar perante uma realidade totalmente destituída de cultura brasileira, em que programas e documentários nos tentam a todo instante impor uma cultura alheia a nossa realidade, onde muitos de nós nem o português sabe pronunciar ou escrever corretamente, e muito menos decifrar o que esta por trás das falas em outras linguas.

Percebe-se isso inicialmente pelos nomes dados as atrações televisivas (Jornais News, Saturday Night Live, Estação Teen), infundindo nas cabeças das pessoas um culto obsessivo ao corpo e a cultura de um povo que não tem a mesma postura ao noss respeito. 

Mulheres são postas como carnes em açougues nas feiras livres, desfigurando sua imagem enquanto ser social constituído de racionalidade e beleza humana, já que o conteúdo da atração não se sustenta sem apelação sexual.

Portanto, cabe a nós filtrar o que assistimos em nossas casas, retirando o que ainda dá pra aproveitar, o que ainda resta de bom nas porcarias mostradas como inovação e estilo pós- moderno. Se o mundo tenta nos mostrar que somos ultrapassados por não aderir a esta imposição midiática, cabe a nós usar nossa massa cefálica para fins construtivos e proveitosos construindo pensamentos realmente alicerçados na nossa realidade Brasileira, que fale e mostre o que realmente somos. 

quinta-feira, 7 de junho de 2012

A PARTICIPAÇÃO SOCIAL COMO PROCESSO DE DEMOCRATIZAÇÃO DA GESTÃO PÚBLICA.




            O discurso da participação marcou os anos 90, impulsionado pelas transformações ocorridas na sociedade, que tentava romper com um passado ainda recente de centralização e autoritarismo ditatorial. Busca-se agora uma participação social e democrática, em que as decisões e ações devem ser tomadas em conjunto, sociedade civil e Estado. O diálogo e a negociação são abertos, o que contribui para proliferação dos movimentos, associações, federação de moradores, conselhos populares, fóruns e plenárias compostas por membros da sociedade civil, principais atores destas transformações.

            Nesse processo, o eixo central tornou-se a busca do “direito de ter direitos”, de participar do planejamento e da tomada de decisões, conhecer os atos a serem postos como norteadores das políticas públicas. Mudanças são percebidas nas áreas dos direitos da criança com a criação do Estatuto da Criança e o Adolescente (ECA) e na assistência social com a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS). Com elas tenta-se romper com as marcas paternalistas e clientelistas dando um caráter universal e democrático as políticas públicas.

            A participação cidadã e a participação social passam se pautar na sociedade, na universalização dos direitos sociais, impulsionando estruturas representativas, compostas por membros da esfera civil e pública, introduzindo uma idéia de cultura cívica, em que as comunidades são chamadas a serem atuantes, contribuindo com seu com seu melhor.

            Nessa perspectiva os espaços são disputados, os questionamentos surgem, coloca-se com eixo a gestão participativa, a co-gestão, com o intuito de romper com o modelo centralizador do passado, favorecendo o acesso da população ao processo de tomada de decisões, tirando aquela idéia de que a sociedade civil é apenas a beneficiária e o Estado o promotor do desenvolvimento social.

            Sendo assim, torna-se possível uma participação mais direta, o cidadão passa a ser visto como um ator político e consciente, um agente participante não mais um expectador das ações estatais.

            Esse processo fortaleceu as mudanças institucionais, a gestão da coisa pública, tornando a participação social indispensável, pois ela favorece a demanda e a interação entre as partes que compõe a sociedade e consequentemente os modelos e atos ligados à gestão. 

                     

O Estado e seu poder



             


Desde os tempos mais remotos o homem, vivendo em comunidade, percebeu a necessidade de se organizar de modo a permitir que a sobrevivência fosse possível de forma mais regular.

Essa organização tal qual entendemos hoje, é evidente que não existia.    A idéia de Estado (do latim status, us: modo de estar, situação, condição), com toda a sua estrutura hierárquica e política só se construiu bem mais tarde.

Quando falamos no conceito de Estado logo nos vem a cabeça as antigas cidades-estados gregas e romanas, com suas historias de deuses, heróis, imperadores, governadores, senadores e finalmente a população em geral, formada por guerreiros, soldados, escravos e cidadãos livres.

Sendo assim, percebemos que o Estado representa a forma mais forte e organizada de um povo, por ele muitos deram a vida por crer ser ele a única forma de constituir os direitos e deveres de uma nação. Contudo, este modelo também teve um objetivo claro que era de preservar o poder nas mãos de alguém por um longo período.

Neste víeis, segundo Rousseau[1], o homem antes de se perceber como proprietário de algo, ele não tinha a idéia de posse, de direito, de muito menos de deveres. Ao constatar isso, a necessidade de leis que regulamentasse esses direitos, e principalmente que os garantisse, ele tratou de fazer um contrato social, onde as partes assumiriam seus deveres e funções. Com isso, a idéia de Estado de um governante fazia-se necessário.

Dando um salto na história, chegamos ao período medieval, onde estrutura social se constituía em zona rural com os feudos, com uma economia de subsistência, estamental, organizada de forma hierárquica, onde a Igreja Católica detinha um poder extraordinário tanto religioso quanto social. O poder desse modo era compartilhado entre o rei e a Igreja.

Os servos eram presos a terra, um laço de obediência e submissão, onde era chamado a produzir e a obedecer as regras impostas pelo sistema feudal. Com o rompimento das fronteiras dos feudos em busca de produtos diversificados, através do sistema de troca, e posteriormente coma o uso da moeda, com a mudança de mentalidade e o desenvolvimento, se tornou insustentável a sua permanência.

O pensamento racional e laico foi ganhando força perante a sociedade, a migração e o surgimento de grandes aglomerados populacionais sufocaram o modelo feudal, fortalecendo o absolutismo e mais tarde o capitalismo.

O Estado assim assume um caráter de autonomia, a vinculação com a religião de certa forma perde espaço, dando lugar a uma visão unívoca de que é possível ao governante exercer sua função independentemente da vontade e da fé religiosa.

De encontro a este ideário, o Liberalismo vem firmar como um sistema político-econômico baseado na defesa da liberdade individual, nos campos econômico, político, religioso e intelectual, contra as ingerências e atitudes coercitivas do poder estatal, ou seja, o Estado deveria ceder lugar ao setor privado para que ele se posicionasse ao seu bel prazer na sociedade, agindo de forma a reafirmar seus interesses em detrimento ao do Estado e do bem comum.

Com o desenrolar dos fatos históricos o Estado volta a intervir principalmente em relação a economia, pois torna-se necessário que ele a regule, ditando as regras para que o sistema possa atender aos interesses tanto do Estado quanto do capital.

Os juros e taxas fixadas pelo Estado agradam o mercado especulativo, trás investimento e riqueza de grandes investidores para o território em foco. Não podemos deixar de destacar que este papel interventivo é de suma importância em alguns momentos da vida social e econômica de povo. Ele dita e planeja os passos que serão dados a partir de um jogo de negociações e interesses, este por sua vez vai interferir no rumo que um país tomará no futuro.

Portanto, os vários modelos de Estado, as varias formas de manifestação de uma organização social e política expressam a cultura e o jeito de ser de um povo, sua forma de ver e pensar uma sociedade. Sendo assim, podemos perceber que há uma metamorfose constante em se tratando de política, cultura, economia, e principalmente de visão de mundo e de sociabilidade.

Não basta compreendermos as razões daqueles que regem e ditam as regras de um povo, e sim, segundo seus interesses obedecê-los fielmente, já que não nos resta alternativa, a sobrevivência deve ser nossa meta principal, pois vivemos em uma sociedade já visualizada por Hobbes onde “o homem é lobo do homem”, podemos concluir assim que o Estado e sua estrutura servem e alimentam o poder do grande capital por trás dos governantes e aliados - os grandes detentores da riqueza. 









[1] Jean-Jacques Rousseau nasceu em Genebra, 28 de Junho de 1712 e faleceu em Ermenonville, 2 de Julho de 1778, foi um importante filósofo, teórico político, escritor e compositor autodidata suíço. É considerado um dos principais filósofos do iluminismo e um precursor do romantismo. Para ele o Contrato Social é um acordo entre indivíduos para se criar uma Sociedade, e só então um Estado, isto é, o Contrato é um Pacto de associação, não de submissão.